O DESAFIO DE
CIRO
" Mas escrever é um dom / Que torna a vida mais leve / Expressando as ideias / De forma direta e breve / Colocando no papel / Retirando todo o fel / Sentimento se descrever (Cordelista Ciro Veras, A incrível viagem de Alexandra e Ciro à Florianópolis, 2016)
Se de degrau em degrau se constrói a subida, a literatura de cordel em Alagoas promete alçar voo. Durante a última Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que foi realizada de 29 de setembro a 8 de outubro, aconteceu o lançamento da Academia Alagoana de Literatura de Cordel. Na ocasião, cordelistas de todo o estado participaram do lançamento que foi marcado pelas recitações de seus próprios cordéis.
Com lugar reservado na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, a Academia promete promover oficinas e reuniões que lancem um novo olhar sobre o gênero literário em questão.“Nesse espaço os cordelistas vão se organizar conforme eles queiram. A ideia é promover palestras, reuniões, oficinas, tudo sobre literatura de cordel, onde haverá a maior e melhor coletânea de cordelistas do estado de Alagoas”, conta a Diretora da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, Mira Dantas.
A nova morada dos velhos versos ficará sob a direção do poeta e cordelista alagoano Ciro Veras. “A iniciativa se deu pela mobilização de vários cordelistas do estado. Entre eles eu, Cícero Manoel, Cristovão Augusto e o mestre Jorge Calheiros. O objetivo principal é agregar trabalhos de cordelistas alagoanos e não alagoanos que façam seus trabalhos aqui no estado. Promoveremos oficinas para quem quer aprender a fazer Cordel e também para os próprios cordelistas”, explica o poeta.
Ciro, comerciante de 58 anos, e poeta desde os 14, só encontrou a melodia do cordel há um ano e meio. Diferente das outras histórias, aqui o cordel uniu muito mais que os livretos entre os varais. Ciro e sua esposa, Alexandra Lacerda, produziram juntos cordéis, podemos aqui chamá-los de encantados, que rimam uma história de amor. Com alguns causos já recitados eles agora nos contam o seu.
Duas vidas, um encontro/ Alegrias de um viver/ Pra dizer de nossa vida/ Um cordel vou escrever/ Talvez provocar suspiro/ Vou falar de mim e Ciro/ Nunca é tarde para aprender.
(Cordelista Alexandra Lacerda, A incrível história de um grande amor que começou na internet, 2016)
Produzindo paralelamente o casal fez seus primeiros cordéis em 10 dias. Tudo nasceu de um desafio.
Alexandra já contou/ A beleza nordestina/ Das férias que ela passou/ Se sentindo uma menina/ Oito dias de lazer/ Um ao outro conhecer/ E traçar a sua sina
(Cordelista Ciro Veras, A incrível viagem de Alexandra e Ciro à Florianopolis, 2016)
“O cordel entrou na minha vida por acaso, comecei há mais ou menos um anos e meio. Tive influência do cordelista José Nascimento, ele quem me desafiou a fazer um cordel logo após eu mostrar a ele uma poesia de minha autoria. Foi assim que nasceu ‘A incrível viagem de Alexandra e Ciro à Florianópolis’. Gostando do desafio, o lancei também à minha esposa, que produziu ‘A incrível história de um grande amor que começou na internet’”, explica Ciro.
Com outros projetos por ai e muitos versos na cabeça, o cordelista aposta que a academia vai lapidar e descobrir novos talentos. “É um passo importante para o gênero, a maiorias dos estados do Nordeste já possuem uma Academia. Alagoas ganhou esse presente. Assim outros cordelistas poderão ter uma maior projeção nacional, a exemplo de Jorge Calheiros”.


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Capas de cordéis de Ciro Veras e Alexandra Lacerda (Foto: Reprodução/Facebook)


